quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Algures espanhóis



Estimados colegas, para quem não me conhece meu nome é Rodrigo Camacho, sou natural de São Paulo – Brasil, mas resido em Santa Catarina na região de Florianópolis e estou a participar de um projecto de pesquisa na FEUP, onde tive a oportunidade de conhecer alguns membros da Baiaaquatica, com os quais muito me identifiquei e me sinto no dever de retratar essa história que vivi em algures espanhóis.
Tudo começou no último dia 9 de Dezembro, quando entrei em um comboio com destino a Bilbao na região do País Basco, Espanha. Obviamente que este não era o meu destino final, então após uma noite inteira de viagem e trocas de comboio, chego a este sítio sob uma forte chuva de granizos e ainda um pouco desorientado, consigo mudar de estação (Bilbao Abando para Bilbao Atxurri) e finalmente entrei em um novo comboio, que iria me levar ao sonho que sempre tive desde a adolescência, ou seja, surfar um dos principais spots mundiais, a famosa esquerda de Mundaka.
Mundaka é um município da Espanha na província de Biscaia, comunidade autónoma do País Basco, de área 4,19 km² com população de 1847 habitantes (2004) e densidade populacional de 440,81 hab/km². Deste modo fica evidente que não há muito o que fazer num “pueblo” como este, a não ser que tu sejas um aficionado por surf e não se importe em acordar cedo naquelas manhãs mais frias do Inverno para analisar as condições do mar. Em seguida voltar ao hotel para um pequeno-almoço, colocar o fato, botas, luvas, tudo que tiver para se proteger do griso matinal e se atirar num rio em busca de umas das melhores esquerdas da Europa e porque não do mundo. Ao sair com o corpo muito cansado após remar o tempo que conseguir numa corrente muito forte, nada melhor do que um bom almoço, e um bom descanso, para continuar o ciclo.
No primeiro dia, segunda-feira 10 de Dezembro as ondas estavam fora de controlo, cerca de 10 pés com um forte onshore, chuva e na cidade vizinha (Bermeo) o paredão do porto seria destruído. Foi um excelente dia para ir conhecer Bilbao e ficar quietinho no hotel a aguardar condições mais hospitaleiras. Na manhã seguinte o sol resolveu aparecer entre as nuvens e mesmo com um fraco onshore as ondas quebravam perfeitas com cerca de 6 pés. O dia seguinte foi marcado pelo flat, mas na quinta-feira, dia 13, as condições amanheceram perfeitas, 4 a 6 pés de ondas com vento offshore e alguns tubos a rolarem com apenas umas dez pessoas no pico. Foi o melhor presente de papai natal antecipado, com a cabeça feita, o corpo cansado, cheio de boas recordações era hora de voltar à rotina do Porto, mas aos amigos fica esta dica e ao terem a oportunidade de irem à este sítio não pensem duas vezes, um pouco de planeamento é recomendável, fiquem atentos aos ventos do quadrante sul, ondulações de noroeste e a maré vaza…

Rodrigo Camacho

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Só para Guerreiros...

Guerreiro, a. s. (De guerra + suf. -eiro) pessoa que combate numa guerra, pessoa que segue a profissão das armas; pessoa combativa, que evidencia força e coragem.

Não foi, mas podia ser, a legenda de qualquer sinal de perigo colocado na Praia Norte no passado dia 16 de Dezembro: "Só para Guerreiros..." Com o famoso "Canhão da Nazaré" a debitar vagas com, aproximadamente, seis metros de altura, num areal exposto, e sem qualquer tipo de canal para o outside a última edição do "Nazaré Special Edition" não era para qualquer um. Quem entrou no mar nesse dia entrou numa guerra. Não por meia dúzia de pontos e uma foto na revista, mas sim numa guerra contra si próprio, contra os seus medos e receios.

Erra quem diz que surfar nestas condições é enfrentar a Natureza. A Natureza, essa, explodia na costa, indiferente a tamanho aparato. Surfar nestas condições é enfrentar-se a si próprio, desaprender limites e gritar bem alto "eu acredito!". Essa, meus amigos, é a melhor homenagem que se pode prestar ao mar. E esta, é a homenagem que aqui deixo a todos os que, nesse dia, a prestaram, aos cavaleiros das motas de água que tornaram tudo possível e às centenas de amantes do mar que aí se deslocaram para apoiar e admirar esses Guerreiros.


Guerreiros Aquáticos em representação: NorthSide (ZéMelo, Sara Gomes, Diogo Costa, Naishas; Kiko); SouthSide(ZéPinto, Fla, RP). Veículo de Assalto: Laranja Mecânica.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Nazaré Special Edition agendado para domingo




Está na Hora! O Sumol Nazaré Special Edition está em stand by para domingo, dia 16 de Dezembro.

Está a chegar a hora e a confirmação foi-nos dada pela própria organização.

O Sumol Nazaré Special Edition está em stand by para o próximo domingo, dia 16 de Dezembro. Se as marés, os ventos e o swell ajudarem, sexta-feira (amanhã) chega a derradeira confirmação.

Aguardem noticias e preparem-se. Caso o evento venha mesmo a ter lugar, esta seria uma boa prenda para o bodyboard português que, relembre-se, desde o passado mês de Novembro que ambiciona ver a prova acontecer.

Sintonizem-se meus amigos...


Notícia acabadinha de sair, os meus agradecimentos à Vert Magazine

Notícia completa em : http://www.vert-mag.com/homepage.html

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Refúgio...



RP, em puro surf de envolvimento, procura o seu refúgio no inverno Algarvio...
Refúgio...
Não há instinto mais primordial no ser humano do que que o da sobrevivência, e esta passa, as mais das vezes, pela procura de um sítio seguro. Para pernoitar, para cultivar, para viver. Tal instinto levou, em determinado momento da nossa breve história enquanto seres, à fixação das populações. Efectivamente, a permanência no mesmo local facilita a acumulação de riqueza e, com esta, aos poucos, a vida vai tornando-se mais previsível, mais estável, mais segura. Não obstante, este fenómeno de sedentarização não impediu que muitos homens e mulheres continuassem, sozinhos ou em tribos, a vaguear pelo mundo. Em busca de qualquer coisa, em busca de nada. Eles ainda existem e por aí caminham. São os nómadas. os sem terra. os de toda terra. os do mar... aqueles para os quais a segurança consiste na perfeita consciência da sua própria efemeridade, do segundo em que se elapsa a vida e da felicidade em poder, sem mais, vivê-lo. Aqueles que carregam consigo o seu refúgio sem nunca o encontrar, sem nunca dele precisar. Aqueles que não têm passado. Aqueles que não têm futuro. Aqueles que apenas o são e o pintam. Naquela tela de água, naquele momento, naquele segundo...
(captação fotográfica por Bruno Almeida)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Procuram-se refúgios..


estimados companheiros,

tardou em chegar, mas está finalmente aí..
Com ele, chegaram os dias curtos, frios, cinzentos e molhados. Chegaram os dias da desesperante apatia invernal. Aqueles dias feios e penosos, em o ócio praticamente se reduz a uma permanente procura de refúgio..
Hoje é Dezembro e o dia acordou-me naturalmente cinzento. Acordou-me frio e estremunhado, insistiu comigo para me deixar ficar. Quase vacilei.. mas a tempo lembrei que a prancha tinha ficado no carro. Sem hesitar,
saí de casa de rompante e logo me fiz aos intermináveis sete quilómetros que ligam a minha porta à barra de Aveiro. A expectativa de uma sessão matinal mais não era que uma simples gota de chuva, quando comparada com um dilúvio de vontade de ver o Inverno no mar. Lá estava ele, eremítico, frio e cinzento, com uma imensidão de alma, disfarçada de cordilheira a desabar até ao horizonte distante.
Prudente, inabalável, nem me atrevi a pensar entrar. O chão parecia simplesmente tão firme e sedutor, que uma caminhada observadora até à ponta do paredão surgia como o refúgio perfeito para o meu sereno dilúculo invernal..

Moral da história: só uma. Nestes penosos dias de Inverno, por mais sedutor que o abrigo de quatro paredes vos surja, lembrem-se que por vezes é lá fora que encontramos o melhor refúgio..
Bom Inverno!